domingo, 6 de outubro de 2013

Como achar aquele carrão

Como fazer?

Vou lhe dar uma dica extra: faça barulho. Faça todo mundo saber que você quero comprar o carro “X”. Colegas de trabalho, parentes, amigos, conhecidos, mecânicos, publique no seu perfil do Facebook, etc. Você não faz ideia de quantas pessoas falam para mim que viram um Dodge assim ou assado em tal lugar, só porque tenho um Dart.
E não deixe de fazer as suas cruzadas rumo ao interior. Com sorte, você topa com um “carro de vovô” que escapou aos tubarões do mercado. Talvez você espere por dias, semanas, meses, anos. Vai da sua determinação.


1) Só vá atrás de um antigo depois que você tiver estudado seriamente todos os seus detalhes e defeitos. Se apresente num fórum e acompanhe-o por algumas semanas sem falar muito. Você vai descobrir quem são os gurus, quem são os intolerantes, os piadistas, etc. Muitos deles você irá conhecer pessoalmente no futuro – alguns podem virar inclusive amigos pessoais. Por isso, pense bem antes de escrever, especialmente em discussões

2) Paralelo a isso, acompanhe os sites de anúncios: Mercado Livre e Webmotors são os principais. Se você encontrar um carro que você se apaixonou, encaminhe o anúncio para um ou outro guru do fórum e peça a opinião dele – 90% dos carros anunciados são carros conhecidos pelo meio. Talvez o cara não responda – não se ofenda com isso. É importante ter o aval de um funileiro e de um mecânico de confiança – se você não possui ninguém, procure referências publicamente

3) Além de ver carros, pesquise a fundo preços de peças e de mão de obra. Aos poucos, você vai descobrir outros lugares além do Mercado Livre. Vai descobrir que comprar peças em encontros quase nunca compensa e que algumas peças de acabamento novas e importadas são mais baratas que as usadas no Brasil. E também vai descobrir que um par de lanternas pode custar a metade da retífica de um motor. Por isso, não subestime nenhum detalhe

4) Não compre um carro antigo que precise ser desmontado – deixe esse emaranhado de nós sem fim para os (bem) experientes. Você vai precisar restaurar frisos, comprar borrachas novas, pagar a mão de obra do desmonte e do remonte, podres novos serão descobertos, parafusos podem ser perdidos, peças podem ser quebradas – e, com tudo isso, é bem fácil passar dos R$ 10-20 mil de despesas em detalhes. Ao frigir dos ovos, compensa mais ter um carro bom de lataria e pintura com motor rajando que outro com motor perfeito e lataria podre. Afinal, na pior das hipóteses você troca de motor – e não dá pra fazer isso com um monobloco estragado. Compre um carro cuja lataria e pintura esteja num estado e cor que você goste

5) Faça contas de detalhes: não despreze grades quebradas, lanternas danificadas, bancos estragados, painel destruído por um rádio moderno, rodas ruins e pneus gastos. Lembre-se de que não foram só os carros que sofreram com a especulação: as peças e a mão de obra também subiram no telhado. Por outro lado, estes detalhes podem ser resolvidos ao longo dos meses e anos – e o mais importante: com o carro rodando. Não tem coisa que desanima mais do que um peso de papel de uma tonelada

6) Grana e paciência. Carros antigos quebram. Junte o dinheiro para comprar o carro e fazer a manutenção básica, mas tenha uma reserva e um plano (telefones de guinchos, garagem segura onde ele pode ser encostado) para imprevistos. Eles sempre acontecem – mesmo com carros dignos de exposição. Por isso, não se frustre nem desista do sonho tão facilmente – o antigomobilismo exige determinação e paciência

7) Quando é bom e rápido, não é barato. Quando é barato e rápido, não é bom. Quando é bom e barato, não é rápido

8) Quando você tem tesão e tempo, não tem grana. Quando você tem grana e tesão, não tem tempo. Quando você tem tempo e grana, não tem tesão

9) Carros americanos são os mais fáceis (não necessariamente os mais baratos) de serem mantidos, porque a indústria de peças aftermarket é monstruosa e os motores tendem a ser robustos

10) Carros brasileiros da década de 1980 são dos mais em conta de serem comprados, mantidos e restaurados, ao menos por enquanto. Mas algumas peças de acabamento são quase impossíveis de serem encontradas. Não subestime nada: um carro nascido em 1983 tem 30 anos nas costas! Importados da década de 1980 e 1990 também são boas apostas, principalmente trazendo peças dos EUA – mas o motor e o câmbio precisam estar em bom estado. E não deixe de conferir o valor das centrais eletrônicas (ECU). Algumas custam mais do que o próprio carro!

11) Seu mecânico vai virar um cara mais importante que o seu chefe: se você conseguir achar um cara de confiança, competente e com boa reputação no meio, sua vida está resolvida

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